Apesar de 9 empresas farmacêuticas que pesquisam vacinas contra a Covid-19 terem recentemente prometido prudência e cautela sobre a segurança dos ensaios clínicos, iniciativa que foi amplamente elogiada, pelo menos duas delas – Pfizer e AstraZenca – deixam a desejar na transparência
SÃO PAULO (16 de setembro de 2020) – A Aids Healthcare Foundation (AHF), maior organização de HIV/aids do mundo, criticou duramente as empresas farmacêuticas que trabalham em vacinas contra a Covid-19 por causa de uma quase total falta de transparência nos ensaios clínicos. Em comunicado global, a AHF destacou os contratempos com os testes da vacina da AstraZeneca, que forçou sua suspensão na semana passada; bem como duas afirmações da Pfizer: a de que poderia ter uma resposta sobre a eficácia de sua vacina antes do final de outubro, a poucos dias da eleição presidencial dos EUA; e a de que estava expandindo seu teste de vacina para 44 mil pessoas, acima de sua meta anterior de 30 mil voluntários.
No último sábado (12), a AstraZeneca, considerada pioneira na corrida pela vacina, também anunciou que estava retomando os ensaios no Reino Unido depois de interrompê-los abruptamente no início da semana passada, após “uma reação adversa grave” ter ocorrido em um paciente em seu estudo de Fase 3 no Reino Unido, iniciado no fim de agosto.
De acordo com o New York Times, “a AstraZeneca não relatou inicialmente que a doença de um participante [do estudo] havia interrompido seus testes clínicos em todo o mundo”, mas não houve divulgação até a notícia ser publicada no site norte-americano STAT, especializado em estatísticas de saúde. “A empresa ainda não divulgou a doença do paciente que levou à pausa [no estudo], embora tenha discutido a condição médica de outro participante que desenvolveu esclerose múltipla em julho, o que levou a outra breve interrupção. Essa doença foi determinada como não relacionada à vacina”, pontou o jornal.
Uma pessoa não identificada, mas que conhece o estudo da AstraZeneca, disse ao New York Times que o paciente cuja reação adversa grave interrompeu brevemente o estudo tinha sintomas “consistentes com inflamação da medula espinhal, conhecida como mielite transversa. A condição pode ser tratada e geralmente é resolvida em alguns meses, [mas, em alguns casos, pode haver] deficiências graves.”
Para Michael Weinstein, presidente da AHF, é preciso ter 100% de confiança nos testes da vacina de Covid-19 para garantir a confiança do público. “Apesar da cultura corporativa e do mercado potencial, além das pressões políticas, os líderes das empresas farmacêuticas devem ser transparentes sobre seus testes de vacinas. O dano causado à confiança pública pela falta de transparência pode ser tão grande e duradouro que pode afetar gravemente a adesão a uma eventual vacina segura contra a Covid-19, ou a quaisquer outras vacinas.”
A AHF também repetiu o apelo à comunidade de saúde pública global e aos governos para que tenham cautela e devida diligência nas vacinas candidatas de rastreamento rápido para a de Covid-19.
Desde o início da pandemia, a Covid-19 infectou mais de 29,5 milhões de pessoas e ceifou 924.517 vidas. Os efeitos devastadores da pandemia em todos os aspectos da atividade humana não podem ser subestimados. O impacto do vírus na saúde pública, na economia global, na política e nas instituições cívicas provavelmente será sentido por gerações. Em meio a essa crise, a possibilidade de uma vacina eficaz é uma esperança para o fim gradual da pandemia.
Em um ciclo típico de desenvolvimento de vacina, os testes iniciais de eficácia e segurança em pequena escala em animais e humanos são geralmente seguidos por testes clínicos em grande escala, randomizados e controlados por placebo, envolvendo milhares de pessoas e podendo durar anos. Esta etapa final e mais rigorosa é projetada para confirmar, com um alto grau de certeza, se uma vacina é segura e eficaz em nível populacional.
O desenvolvimento apressado de vacinas aumenta o risco de resultados negativos e imprevistos para a saúde pública. Deixando de lado quaisquer razões econômicas ou políticas que governos e empresas privadas possam ter para serem os primeiros a desenvolver uma vacina eficaz contra a Covid-19, esse esforço é compreensível por motivos humanitários – milhões de pessoas estão sofrendo e milhares estão morrendo.
As vacinas salvaram milhões de vidas e evitaram invalidez e doenças em todo o mundo. A varíola, que normalmente matava 30% dos pacientes infectados, foi erradicada em 1980 graças a uma vacina eficaz. A poliomielite, uma doença incapacitante que afeta principalmente crianças, foi erradicada em muitas partes do mundo como resultado de campanhas de vacinação que duraram décadas.
O registro de segurança das vacinas mostra como funciona o processo de desenvolvimento e aprovação. Ocorreram apenas alguns eventos adversos graves de vacinas na história recente, mas eles ressaltam o fato de que existem riscos associados às vacinas.
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Sobre a AHF:
A Aids Healthcare Foundation (AHF), maior organização global de HIV/aids, atualmente fornece cuidados médicos e/ou serviços para mais de 1,4 milhão de pessoas em 45 países, incluindo os Estados Unidos e países da África, América Latina & Caribe, Ásia & Pacífico e Europa. No Brasil, está presente desde 2013. Para saber mais sobre a AHF, visite www.aidshealth.org ou os perfis nas redes socais: Facebook (@aidshealth), Twitter (@aidshealthcare ) e Instagram (@aidshealthcare).
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