AHF Brasil e Impulse SP são destaques na Parada LGBT de São Paulo

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Considerada a maior do mundo, 28ª edição teve mais de 3 milhões de pessoas; “Trio da Saúde” levou mensagens de prevenção e luta por direitos

Mais de 3 milhões de pessoas participaram no último domingo (2) da 28ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo, considerada a maior do mundo. A AHF Brasil, em parceria com a Impulse SP, foi uma das responsáveis pela organização do trio elétrico Sound Truck da Prevenção.

Com a campanha: “O HIV/AIDS continua afetando nossa comunidade: faça o teste, trate-se e viva intensamente”, representantes das duas organizações desfilaram na Avenida Paulista, um dos principais pontos manifestações sociais e políticas no Brasil.

Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil, ativista LGBTQIAP+ e um dos fundadores da Parada, lembra que uma das apreensões dos organizadores na época da primeira edição, em 1997, era a questão da visibilidade, pois as pessoas tinham medo de se assumir publicamente, na família, no trabalho.

“Passados quase 30 anos, percebo que avançamos muito. Podemos nos casar, adotar, usar nome social, ter plano de saúde. Ou seja, temos direitos que antes nos eram negados. Hoje a luta é para manter a visibilidade, exigir respeito e combater o preconceito. Não queremos direitos a mais, só não aceitamos direitos a menos”, disse Beto de Jesus.

O presidente da Impulse SP, Paulo Barão, destacou que a Parada é, de fato, um momento de celebração do orgulho LGBTQIAP+, “mas nunca deixou de lado questões fundamentais para a nossa comunidade, como a luta pelo direito de ratificação do nome para pessoas trans, casamento entre pessoas do mesmo sexo e criminalização da homofobia, entre outras conquistas”.

Direitos das PVHIV/aids

Os movimentos sociais que lutam pelos direitos das pessoas vivendo com HIV/aids também desfilaram na Paulista. O “Trio da Saúde”, como foi apelidado, teve a participação de 17 organizações (lista abaixo). Com apoio da AHF Brasil e da Impulse SP, os ativistas chamaram a atenção para a importância da saúde integral das pessoas vivendo com HIV/aids, que no Brasil somam mais de 1 milhão.

“É muito importante a união de diversas ONGs em um momento como este, pois o HIV e aids ainda afetam profundamente nossa comunidade. E não podemos nos esquecer que a resposta que o Brasil oferece, com tratamento de ponta disponível no Sistema Único de Saúde, é resultado direto da articulação e da pressão exercida pelos movimentos sociais, especialmente aqueles ligados à população LGBTQIAP+”, comentou Eduardo Barbosa, presidente do Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids (Mopaids).

A Parada é política

Na Parada deste ano, as tradicionais cores da bandeira do arco-íris disputaram espaço na Paulista com o verde e o amarelo, principalmente estampado na camisa da seleção nacional de futebol, um dos símbolos de movimentos políticos de extrema direita no Brasil.

De acordo com a Agência de Notícias da Aids, o movimento se inspirou na apresentação de Madonna no Rio de Janeiro em maio, quando a estrela pop mundial cantou com Pabllo Vittar vestindo as cores nacionais. “A comunidade decidiu ressignificar os símbolos do país e festejou sob o tema ‘Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo – Vote consciente por direitos da população LGBT+'”, publicou a agência.

Nelson Matias Pereira, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, destacou que este ano o tema convoca cada um a refletir sobre o poder do nosso voto e exigir representantes comprometidos com políticas afirmativas inclusivas. “Mais do que o voto consciente, precisamos ter o voto crítico. Só assim mudaremos esse cenário caótico que vivemos nas casas legislativas, que há anos insistem em nos colocar como cidadãos de segunda categoria”.

ONGs presentes no “Trio da Saúde” com apoio da AHF Brasil e da Impulse SP: