Cientistas de diversos países buscam identificar as peculiaridades do surto atual da varíola dos macacos, doença que até então era restrita a lugares na África onde o vírus monkeypox é endêmico e agora se dissemina por todos os continentes. Uma das características mais marcantes tem sido a transmissão, que antes era considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “rara” entre humanos, sendo principalmente passada por animais. Agora, além da maior facilidade no contágio entre pessoas, um novo estudo publicado na revista científica The Lancet afirma que o “contato próximo durante o sexo é a forma dominante de transmissão da doença no surto atual”.
A conclusão, escrita por pesquisadores espanhóis, é resultado de uma análise de 181 pacientes com a varíola símia diagnosticados em três clínicas no país entre maio e junho. Eles afirmam que quase todos os indivíduos ou tiveram relações sexuais anteriores com uma pessoa que teve diagnóstico para o vírus monkeypox ou tinham fatores de risco para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como múltiplos parceiros nos últimos três meses ou uso de drogas recreativas durante o sexo. 17% dos infectados apresentaram um quadro de IST concomitante à varíola.
Essa observação, juntamente com a localização das lesões, o histórico de exposição dos indivíduos e as infecções sexualmente transmissíveis concomitantes, sugere que o contato próximo durante o sexo é a forma dominante de transmissão da varíola dos macacos no surto atual. As mensagens de saúde pública precisam ser direcionadas às populações apropriadas que podem estar em risco e precisam ser adaptadas para destacar o risco de transmissão relacionado ao contato pele a pele”, escreveram os autores.
Todos os pacientes, de em média 37 anos, apresentaram as erupções cutâneas que são um dos principais sintomas do monkeypox. Porém, chamou a atenção dos cientistas que a maior parte, 78%, relatou lesões na região do ânus e das genitálias – evidência que para eles corrobora a transmissão durante o sexo como meio predominante. Além disso, amostras das lesões indicaram uma carga viral até três vezes maior que a observada nas amostras respiratórias.
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