Cientistas relatam nova remissão do HIV; por que caso é diferente dos outros?

Picture of Rodrigo Hilario
Rodrigo Hilario

Um novo caso com sinais de remissão do HIV após transplante de medula óssea foi descrita por pesquisadores da Conferência da Sociedade Internacional da Aids, que termina nesta terça-feira (25) em Brisbane, na Austrália.

A evolução do “paciente de Genebra”, como ele é identificado, ainda não foi reportada por nenhuma publicação científica, mas se junta a outras cinco pessoas que já foram consideradas como provavelmente curadas do vírus causador da aids após serem submetidas ao transplante.

Os cinco pacientes tinham uma condição particular em comum: enfrentavam câncer de sangue e se beneficiaram de transplantes de células-tronco que renovaram seu sistema imunológico. Em todos os casos, porém, os doadores apresentavam uma rara mutação em um gene que previne a entrada do HIV nas células.

Com o “paciente de Genebra”, a novidade é que a medula óssea que ele recebeu não tem essa mutação. Vinte meses após interromper o tratamento antirretroviral, o vírus continua indetectável em seu organismo. Os cientistas que o acompanham entendem que se trata de uma nova remissão da infecção pelo HIV e consideram o caso promissor.

Asier Saez-Cirion, cientista do Instituto Pasteur da França, que apresentou o caso do “paciente de Genebra” em Brisbane, disse à agência de notícias AFP que, se não há sinais do vírus após 12 meses, “a probabilidade de que seja indetectável no futuro aumenta significativamente”.

Sharon Lewin, presidente da Sociedade Internacional de Aids, que promove a conferência científica sobre o HIV, alertou que o paciente precisa ser monitorado rigorosamente nos próximos meses e anos. “Aprendemos com os pacientes de Boston que apenas uma partícula do vírus pode provocar um rebote do HIV”, advertiu.

Apesar desses casos de remissão criarem esperanças de uma cura para o HIV no futuro, o transplante de medula óssea – um procedimento agressivo e arriscado – não é uma opção para as milhões de pessoas que vivem com o vírus em todo o mundo.

Com informações de O Estado de S. Paulo e AFP