Juventude e camisinha: como enfrentar esse desafio?

Foto de Guilherme
Guilherme

Nos últimos anos, o Brasil tem vivenciado uma mudança importante no perfil dos casos de HIV. Embora a mortalidade por aids tenha diminuído, as novas infecções têm aumentado, especialmente entre a população jovem. Essa tendência preocupante tem chamado a atenção das autoridades e dos especialistas em saúde pública, que enfatizam a necessidade de ampliar as políticas de prevenção, testagem e tratamento.

De acordo com o Ministério da Saúde, 40% dos 46.465 casos de HIV diagnosticados em 2023 foram em pessoas de 15 a 29 anos. Entre as novas infecções nessa faixa etária, 81% foram em pessoas do sexo masculino. 

Entre as possíveis razões para esse aumento está uma percepção reduzida do risco de infecção pelo HIV, resultado da evolução dos tratamentos antirretrovirais, que têm transformado o HIV em uma condição crônica gerenciável. Essa percepção, no entanto, pode levar ao relaxamento nas práticas preventivas, como o uso de preservativos e o uso da PrEP (profilaxia pré-exposição).

Outro fator relevante é a falta de políticas públicas específicas para a prevenção do HIV entre jovens. Apesar de campanhas de conscientização, o uso do preservativo continua baixo nessa faixa etária, com muitos jovens optando por confiar no parceiro em vez de adotar medidas preventivas consistentes.

Um estudo da Organização Mundial de Saúde feito com 250 mil adolescentes de 15 anos em 42 países da Europa e da Ásia Central mostrou que, entre os meninos, o uso de preservativos caiu dos 70% registrados em 2014 para 61%; entre as meninas, o percentual caiu de 63% para 57%.

Classificados pela OMS como “alarmantes”, os dados estão em sintonia com o que acontece no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar do IBGE, o uso da camisinha caiu drasticamente em uma década, passando de 72% para 59%.

Especialistas dão uma dica do caminho a ser percorrido para despertar na juventude a importância de usar preservativo: falar de maneira clara e aberta. sem tabu ou terrorismo sobre saúde sexual e prevenção do HIV/aids e outras infecções sexualmente transmissíveis.

“Até pouco tempo atrás, toda estratégia de prevenção se amparava apenas na camisinha, que era única forma de prevenção disponível em larga escala. Isso felizmente mudou, e hoje a prevenção eficaz passa obrigatoriamente por uma abordagem combinada, incluindo as diferentes estratégias para reduzir a transmissão do vírus, como a PrEP, a PEP, as vacinas, a testagem regular e, claro, o preservativo”, comenta Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil.

As clínicas da AHF Brasil no Recife (população masculina) e em São Paulo (qualquer pessoa) oferecem gratuitamente preservativos e lubrificantes, além de consultas, testagem e tratamento, para pessoas de qualquer idade, sem necessidade de encaminhando ou de estar acompanhado de responsáveis legais (no caso de menores de 18 anos). Os endereços estão aqui.