AJUDA HUMANITÁRIA DA AHF BRASIL PARA POPULAÇÕES VULNERÁVEIS EM PORTO ALEGRE E REGIÃO METROPOLITANA APÓS ENCHENTES

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Gabriela

Com as fortes chuvas que têm deixado um rastro de tragédia e destruição na maioria das cidades do Rio Grande do Sul (78% das 497 cidades do estado, um número que é atualizado constantemente), a necessidade de suporte à população é imperativa. De acordo com o governo local, as inundações fecharam 17 hospitais em todo o Estado, e outros 75 centros de saúde estão com capacidade parcial. Outra questão preocupante é a crescente escassez de profissionais de saúde, que pode atingir 30% em algumas unidades, pois muitos deles tiveram suas casas inundadas, foram para abrigos ou estão isolados em casa sem eletricidade. Há relatos de um “cenário de guerra” e falta de suprimentos básicos de saúde. As estatísticas mostram que a população afetada pela tragédia é de aproximadamente 1,4 milhão de pessoas. Até agora, mais de 20.000 pessoas foram acolhidas em abrigos, e o número de mortos e desaparecidos aumenta diariamente. 

A AHF, com sua prática histórica de lutar pelo bem coletivo e capacidade de responder rapidamente e de forma eficaz a situações como esta, ofereceu-se para contribuir com os esforços coletivos para minimizar os efeitos devastadores dessa tragédia, especialmente entre as pessoas que vivem com HIV/Aids afetadas pelas consequências das inundações. Foram disponibilizados para essa ajuda humanitária mais de 47 mil dólares. Daila Raenck, Coordenadora de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde, reforça a importância de unir esforços neste momento: “convocamos todos os parceiros da área na tentativa de encontrar apoio, recursos e alternativas para manter o atendimento às pessoas. A AHF foi singular e ágil neste momento de crise, disponibilizando suas equipes integralmente para todas as necessidades da rede de pessoas nos abrigos. E contribuiu com recursos financeiros para garantir o transporte de suprimentos, medicamentos e equipes para os abrigos e para os serviços da rede”.

“As ações da AHF no Rio Grande do Sul neste momento de catástrofe têm sido apoiar as ações da coordenação municipal de infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais. Entre as ações estão a retomada da TAR para pacientes que perderam seu segmento de tratamento e estão nos abrigos, testagem rápida para confirmar diagnóstico de HIV e início imediato da TARV, vinculando esses pacientes ao ADS (um serviço apoiado pela AHF no Rio Grande do Sul) e transportando a equipe para coletar exames laboratoriais de carga viral e CD4. Motoboys também foram contratados para entregar o tratamento antirretroviral” explica Simone Ávila, coordenadora do Projeto da AHF para Vinculação e Retenção de Pessoas Vivendo com HIV em Porto Alegre. 

O foco da atuação está em apoiar a continuidade do tratamento de pacientes co-infectados por TB/HIV, a busca ativa por aqueles que podem estar abandonando o tratamento e pelos recém-diagnosticados; dar suporte à busca ativa por pacientes que estão sem terapia antirretroviral (TARV) porque tiveram que deixar suas casas inesperadamente; também à busca por pacientes que tinham consultas agendadas, mas que, devido ao fechamento de alguns serviços de saúde, precisam ser atendidos rapidamente em outro lugar, entre outros casos. Além disso, médicos e enfermeiros da AHF Brasil têm se envolvido no cuidado de doenças infecciosas que não sejam o HIV, que tendem a piorar durante desastres climáticos. Da mesma forma, a equipe também gerencia pacientes com tuberculose e outros com sintomas respiratórios nos abrigos. Esses pacientes têm encontrado dificuldades para permanecer abrigados, pois não há espaços de isolamento. 

A AHF Brasil desenvolve um Memorando de Entendimento (MOU) na cidade de Porto Alegre para Vinculação e Retenção de pessoas vivendo com HIV/AIDS. Diante da situação que afeta nossos pacientes, em parceria com as autoridades locais, construímos um Plano de Ação de Emergência em resposta à calamidade pública em Porto Alegre:

Compra de suprimentos para apoiar o cuidado ambulatorial: Em Porto Alegre, já há relatos de falta de suprimentos essenciais de saúde para apoiar o cuidado ambulatorial, pois materiais foram transferidos para hospitais e hospitais de campanha, como máscaras e agulhas, luvas de procedimento, curativos, gaze, álcool e solução salina, entre outros.

Contratação de motoboys para entrega de TARV: A dispensação de tratamentos antirretrovirais (TARV) tem sido limitada devido à inundação de algumas unidades de saúde e às restrições de circulação pela cidade. Nesse sentido, está sendo utilizada a estratégia de delivery de TARV para abrigos (mais de 80), residências e outros pontos estratégicos em Porto Alegre e na região metropolitana.

Cartões de alimentação para PVHIV em Porto Alegre e na Região Metropolitana: A insegurança alimentar é outro desafio. Nesse momento muitas doações estão chegando, mas por experiência é sabido que quando as pessoas começarem a retornar para casa, é momento de apoio com cartões alimentação as pessoas que vivem com HIV/Aids em vulnerabilidade.