AHF promove webinário sobre lenacapavir

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Guilherme

A Aids Healthcare Foundation, ONG que atua em 45 países, incluindo o Brasil, promove nos próximos dias 22 e 29 de maio um webinário para discutir o acesso de nações da América Latina ao lenacapavir – medicamento com eficácia próxima de 100% na prevenção do HIV. Produzido pela multinacional Gilead, o remédio injetável foi eleito o avanço científico de 2024 pela revista acadêmica Science. O problema é o preço: o tratamento anual para uma pessoa, com duas doses, chega a custar US$ 45 mil (mais de R$ 250 mil), o suficiente para comprar quase meio quilo de ouro.

Em declarações no fim de 2024, o médico sanitarista e epidemiologista Draurio Barreira, classificou como “inviável” o custo atual do tratamento. “Afundaria o SUS”, resumiu Barreira, que é diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs do Ministério da Saúde. Países de renda média, como Brasil e boa parte da América Latina, foram excluídos pela Gillead do acordo de licenciamento de seis laboratórios que vão produzir a versão genérica. Estima-se que o tratamento com o genérico do lenacapavir poderia custar até mil vezes menos.

A expectativa, conforme divulgado pela imprensa, é que o lenacapavir seja submetido à avaliação das agências regulatórias (como Anvisa no Brasil, FDA nos Estados Unidos e EMA na Europa) e esteja liberado para uso em larga escala a partir de 2026.

Estivemos no final de abril com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que sempre foi um importante aliado da luta contra o HIV/aids, tanto no Executivo como no Legislativo. Sabemos das dificuldades orçamentárias do SUS, mas consideramos essencial que o país discuta estratégias para incorporar à rede pública insumos promissores como o lenacapavir”, comenta Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil.

“Esperamos uma participação bastante robusta e produtiva [no webinário] da sociedade civil, de pessoas vivendo com HIV/aids e de especialistas comprometidos com o enfretamento da epidemia de HIV/aids”, completou Juliana Givisiez, gerente de Advocacy da AHF Brasil.

De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids), cerca de 2,3 milhões de pessoas vivem com HIV na América Latina atualmente. Por ano, a região registra 120 mil novas infecções e 30 mil mortes relacionadas à aids. No Brasil, estima-se em 1 milhão o número de pessoas que vivem com HIV, das quais cerca de 800 mil estão em tratamento com medicamentos antirretrovirais .

As inscrições, gratuitas, podem ser feitas em https://ahflatamycaribe.org/pt-br/mais-caro-que-ouro/. Nos dois dias, o webinário será das 12h às 13h30 (horário de Brasília), pela plataforma Zoom, com tradução simultânea para português.