A responsabilidade sobre transplantes de órgãos e HIV

Foto de Guilherme
Guilherme

Vamos falar da comunicação adequada e do respeito à vida no contexto dos transplantes de órgãos no Brasil?

Nos últimos dias, os veículos de imprensa têm noticiado o caso das seis pessoas que foram infectadas pelo vírus do HIV durante transplantes de órgãos. O caso é muito grave e sem precedentes, mas a forma como algumas notícias estão sendo divulgadas, infelizmente, contribui para aumentar o estigma já existente na sociedade. É importante ressaltar que, para realizar um transplante no Brasil, é necessária uma triagem com uma bateria de exames para diversas doenças infecciosas ou crônicas, além do HIV. Pessoas que convivem com o vírus podem ter uma vida normal, com o acompanhamento médico e a manutenção do tratamento em dia. Inclusive, quem tem carga viral indetectável não transmite a infecção por via sexual.

As notícias apontam que o laboratório não tinha os kits necessários para realizar os testes, colocando em dúvida a confiabilidade da empresa. “O que aconteceu no Rio de Janeiro é completamente inaceitável. Já vivemos uma situação semelhante no início da pandemia, quando pacientes hemofílicos se contaminaram devido à falta de cuidados adequados com as bolsas de sangue usadas nas transfusões. Esse evento representa um desastre sem paralelo, uma vez que aqueles que deveriam zelar pela saúde da população não podem expô-la a riscos desnecessários. Nunca deveria ter sido permitido que um laboratório improvisado assumisse a responsabilidade por algo tão crucial”, ressalta Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil.

Ele afirma também que, “O Hemorio, que sempre deveria ter tratado dos exames para transplantes, agora deve agir de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde. É imprescindível que haja uma investigação detalhada em todas as esferas e, se forem encontradas irregularidades, que sejam aplicadas punições severas. Isso é verdadeiramente alarmante! Já se passaram 40 anos desde o início da pandemia de HIV/Aids, e já dispomos de todo o conhecimento e tecnologia necessários para evitar esse tipo de situação. É uma afronta desrespeitar a vida das pessoas dessa forma. É fundamental que todos os envolvidos em diferentes níveis sejam responsabilizados e enfrentem as sanções apropriadas”.

Um ato que salva vidas

O transplante de órgãos representa a única chance de sobrevivência ou uma nova oportunidade para aqueles que necessitam de doação. O Sistema Único de Saúde (SUS) possui o maior programa público de transplantes do mundo, com aproximadamente 87% dos procedimentos realizados com recursos públicos, o que possibilita acesso à população independente de sua condição financeira. No entanto, para que isso continue, é fundamental exigir que todos os protocolos sejam devidamente seguidos e que a segurança dos pacientes seja priorizada. Além disso, a comunicação dos fatos deve estar sempre atenta às diretrizes atualizadas, evitando reforçar preconceitos com relação às pessoas que vivem com HIV.

É essencial que a sociedade compreenda a importância de se tornar doador. Por essa razão, se você deseja ser um doador de órgãos, comunique sua decisão à sua família. O transplante de órgãos é muito importante e salva vidas!