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Pobreza menstrual é um problema de direitos humanos, não só de higiene

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Gabriela

Neste 28 de maio, Dia da Higiene Menstrual, a Aids Healthcare Foundation (AHF) faz um chamado aos governos, sociedade civil e entidades com interesse comercial em incrementar a consciência acerca das graves consequências da pobreza menstrual em milhões de pessoas da América Latina e Caribe de todas as idades.

Uma em cada três adolescentes na América Latina e Caribe faltam à escola de maneira regular por não contar com insumos adequados para lidar de forma digna seu período menstrual: água limpa, roupa íntima adequada e absorventes higiênicos, internos ou coletores menstruais. Em lugar disso, precisam recorrer a meias, trapos ou papel, uma situação indigna que afeta a autoestima de pessoas que menstruam.

Em algumas partes da América Latina e Caribe, o custo de uma embalagem de absorventes higiênicos equivale a um dia de alimentação, o que dificulta seu acesso. Por isso, a AHF alerta que é urgente tratar a menstruação como um assunto de direitos humanos e não somente de “higiene”, além de educar para reduzir o estigma sobre período menstrual.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 800 milhões de pessoas menstruam em todo o mundo, mas a 500 milhões é negado o acesso a instalações seguras e a produtos sanitários que ajudam a manejar seus períodos de forma saudável.

Um levantamento do Centro de Estudos e Estratégias em Relações Internacionais (CEERI) mostra que em apenas 9 dos 31 países da América Latina e Caribe os produtos de higiene menstrual são considerados itens de primeira necessidade. “Em 2018, a Colômbia se tornou o primeiro país da América a eliminar o imposto de valor agregado de 16% dos produtos de higiene menstrual, seguido pelo México em 2022. Por outro lado, o Chile taxou estes produtos em 19%, a segunda mais alta na região, atrás do Uruguai com 22% de tributo”, detalha o estudo.

A situação é grave: segundo um estudo da ONG Plan International, 35% dos adolescentes e jovens em nível mundial acreditam que a menstruação deve ser mantida em “segredo” pois consideram que ainda é um “assunto privado” ou vergonhoso.

“É urgente falar sobre a menstruação e educar a esse respeito, não só as meninas, mas também os meninos. Precisamos estimular a criação de políticas públicas para garantir que pessoas que menstruam tenham acesso aos insumos necessários, além de combater o estigma”, diz Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil.

Desde 2019, a AHF se compromete a contribuir para reverter a situação mediante discussões públicas, programas educativos e atividades lúdicas. Em 2023, a AHF distribuiu na América Latina Caribe mais de 250 mil absorventes higiênicos, assim como outros produtos de higiene e coletores menstruais. 

O Dia da Saúde Menstrual é foi definido como 28 de maio em todo o mundo e foi lançado por ativistas em 2014 para ressaltar a importância da educação sobre o manejo da saúde menstrual e empoderar todas as pessoas que menstruam para participar plenamente na sociedade e viver uma vida saudável e autodeterminada. 

A AHF celebrará diversos eventos ao redor do mundo com uma só diretriz: #MenstruaçãoDigna: vamos pôr fim à #PobrezaMenstrual.