A Profilaxia Pré-Exposição tem se consolidado como uma ferramenta essencial na prevenção ao HIV. Disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a PrEP consiste na ingestão diária de um comprimido que impede a replicação do vírus no organismo em caso de exposição. Apesar de sua eficácia comprovada, os dados mais recentes do Ministério da Saúde revelam que apenas 8,8% dos 122 mil usuários da medicação são mulheres, o que evidencia um desafio significativo no acesso e na adesão desse grupo à estratégia de prevenção.
Entre as 11 mil mulheres que utilizam a PrEP,70% são cisgênero e 29%, trans. Esses números são preocupantes, especialmente considerando que mulheres cis e trans, bem como pessoas não binárias, enfrentam riscos elevados de exposição ao HIV. Além disso, a maioria dos usuários da PrEP no Brasil (91,2%) é composta por homens (cis ou trans, gays ou heteros) e travestis.
Outro aspecto relevante é a desigualdade racial e socioeconômica entre os usuários da PrEP. Segundo o Painel de Monitoramento da PrEP, 54% dos usuários são pessoas brancas e 71% concluíram os estudos. Isso aponta para uma exclusão das populações mais vulneráveis, como mulheres negras e pessoas com baixa escolaridade, que muitas vezes têm menos acesso à informação e aos serviços de saúde.
A baixa adesão das mulheres à PrEP, diz Beto de Jesus, diretor da AHF Brasil, pode estar relacionada a barreiras culturais, falta de conhecimento sobre a medicação ou até mesmo ao estigma associado ao HIV. “A prevenção não deve se limitar ao HIV. O uso da camisinha continua sendo essencial para evitar outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, como sífilis e hepatites virais. A combinação de métodos de prevenção é a melhor forma de cuidar da saúde sexual”, explica.
Para mulheres cisgênero e mulheres trans que utilizam hormônios à base de estradiol, a recomendação é o uso diário e contínuo da PrEP. Essa estratégia oferece proteção eficaz e deve ser acompanhada por orientação médica para garantir que os comprimidos sejam tomados conforme prescrito.