Quem disse que temos que gostar apenas de banana ou de pêssego? Podemos gostar de banana e de pêssego, e isso é normal
As pessoas bissexuais não têm atrações limitadas a um único gênero; são indivíduos plurais que não seguem o padrão predominante. A falta de entendimento causa alguns preconceitos contra a individualidade e gera estereótipos baseados em normas heterossexuais, como: todo bissexual é indeciso; só vale se já tiver ficado com alguém do mesmo sexo; bissexuais só querem pegação; todo bissexual é um hétero ou um gay mal resolvido; bissexuais traem mais; pessoas bissexuais não fazem parte da comunidade LGBTQIA+… Entre outros. No entanto, é preciso compreender a bissexualidade para que não se perpetuem mais esses tipos de frases ou discursos enlatados.
Cerca de 1,1 milhão de indivíduos adultos se reconhecem como bissexuais, o que equivale a 0,7% da totalidade da população no Brasil. Esse dado foi apontado através da Pesquisa Nacional de Saúde de 2022, publicada pelo IBGE.
Lamentavelmente, ainda existem muitos indivíduos que acreditam que a bissexualidade é apenas uma fase passageira, ou que ser ‘bi’ significa se envolver com duas pessoas simultaneamente. Esses são apenas alguns exemplos de estereótipos que são reforçados por informações incorretas disseminadas em círculos heterossexuais. Além disso, diversas outras questões complicam a representatividade das pessoas bissexuais, tanto dentro da comunidade LGBTQIA+ quanto na sociedade em geral.
A invisibilidade dessas pessoas é agravada pelo apagamento, objetificação e fetichização, criando uma realidade constante com a qual a comunidade bissexual se depara e luta diariamente. “Bissexuais são pessoas para quem o gênero não é um fator determinante da atração sexual ou afetiva. Não é fase, nem indecisão. E não é necessário se relacionar com homens e mulheres na mesma proporção para ser bissexual”, como ressalta Beto de Jesus, presidente da AHF Brasil.
Por esse motivo, todo dia 23 de setembro comemoramos o Dia da Visibilidade Bissexual, que é festejado internacionalmente e fala sobre o avanço dos direitos das pessoas bissexuais e sobre sua invisibilidade dentro do movimento LGBT+. Nos últimos anos, os movimentos sociais relacionados às pessoas bissexuais têm aumentado, e seus objetivos incluem esclarecer, acolher, orientar e denunciar alguns preconceitos.
A bissexualidade não é uma identidade fixa; é um todo. Não pensem que a bissexualidade é naturalmente binária ou poligâmica, que as pessoas têm “dois” lados ou que precisam se relacionar com ambos os gêneros simultaneamente para se sentirem seres humanos completos. A fluidez não significa irresponsabilidade, confusão ou incapacidade de assumir compromissos. Não se deve confundir promiscuidade, infidelidade ou comportamentos sexuais inseguros com bissexualidade; estas são qualidades humanas que abrangem todas as orientações sexuais. A sexualidade de ninguém, incluindo a sua, deve ser afetada. A negação de que existe uma orientação sexual em que as pessoas se relacionam afetiva e sexualmente com homens e mulheres deve ser abandonada.