A Tuberculose tem cura

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Guilherme

A doença tem 100% de recuperação quando o tratamento é realizado corretamente

A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa causada por bactérias que afetam principalmente os pulmões, embora possa afetar outros órgãos e sistemas. A forma extrapulmonar, que envolve outros órgãos além dos pulmões, é mais comum em pessoas que vivem com HIV, especialmente aquelas com o sistema imunológico comprometido. Esta doença é antiga e sempre foi uma preocupação para as autoridades de saúde. Anualmente, cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela tuberculose, que causa mais de um milhão de mortes. No Brasil, aproximadamente 80 mil novos casos são registrados anualmente, resultando em cerca de 5.500 mortes.

Diante dessa realidade, é fundamental que as pessoas estejam atentas aos principais sintomas da doença, que incluem tosse persistente por três semanas ou mais, febre à tarde, suores noturnos e perda repentina de peso. 

A tuberculose é transmitida por meio da respiração, através de aerossóis eliminados por tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laringe) que não está em tratamento. A doença não se espalha por objetos comuns; as bactérias depositadas em roupas, lençóis, copos e talheres têm baixa capacidade de propagação e, portanto, não desempenham um papel significativo na transmissão. O diagnóstico laboratorial é essencial para detectar novos casos e monitorar o tratamento. Após o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradativamente; em geral, após 15 dias, o risco de contágio é consideravelmente reduzido. Além do diagnóstico laboratorial, a avaliação clínica é crucial, e a radiografia de tórax é um método complementar importante.

Sobre o tratamento

O tratamento da tuberculose tem uma duração mínima de seis meses, é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A cura é garantida quando o tratamento é realizado corretamente e até o final. Por isso, o papel dos profissionais de saúde no apoio e acompanhamento do tratamento é fundamental, promovendo um cuidado integral e humanizado. Nas primeiras semanas de tratamento, os pacientes podem se sentir melhor, mas é vital que sejam orientados a continuar o tratamento até o final, independentemente do desaparecimento dos sintomas. O tratamento irregular pode complicar a doença e levar ao desenvolvimento de formas resistentes aos medicamentos.

Um ponto preocupante é a infecção tuberculosa latente, que ocorre quando uma pessoa é infectada, mas não apresenta a doença ativa. Pessoas com infecção latente correm o risco de desenvolver a doença ativa caso seu sistema imunológico esteja enfraquecido. Portanto, o diagnóstico e tratamento da infecção latente são importantes estratégias preventivas, especialmente para contatos domiciliares de pessoas com diagnóstico de tuberculose, crianças, pessoas soropositivas e aquelas em tratamento imunossupressor.

O Brasil ainda está na lista de países com alta carga de tuberculose e, consequentemente, da doença associada ao HIV, segundo informações da Organização Mundial da Saúde. A OMS também destaca que, entre as pessoas vivendo com HIV/Aids, a probabilidade de a infecção evoluir para a forma ativa da tuberculose é de 15 a 21 vezes maior do que na população geral. Por isso, Beto de Jesus, presidente da AHF Brasil, ressalta a importância de estar atento aos sintomas: “Se você está com tosse persistente por mais de duas semanas ou febre baixa, geralmente à tarde, além de cansaço excessivo, fraqueza e suor noturno, não espere piorar. Procure imediatamente um serviço de saúde. A tuberculose tem tratamento oferecido gratuitamente pelo SUS.” Qualquer possibilidade de tuberculose em pessoas vivendo com HIV/Aids deve ser investigada, e aqueles com sintomas da infecção devem ser testados para HIV.

Destaque no tratamento

Apesar da alta incidência da doença no Brasil, dados divulgados na última semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Relatório Global de Tuberculose mostram que, em 2023, o país se destacou entre os sete dos 30 países com alta taxa de tuberculose, alcançando uma cobertura de tratamento acima de 80%. Este é o melhor resultado dos últimos anos, com 89% dos casos notificados em relação ao estimado. Esse progresso é ainda mais notável após um histórico de oscilações, incluindo quedas significativas durante a pandemia de covid-19, quando a cobertura caiu para 77,8% em 2020 e 75,8% em 2021.